Violência no campo Tentaram arrombar o portão da minha casa. É a violência chegando à Abolição, praticamente zona rural. Onde nós vamos parar?...
E o que queriam os meliantes? Roubar o carro ano 96(!!!) da minha irmã que estava na garagem? Por que não roubaram o Astra 2004 do meu primo que estava do lado de fora? Queriam roubar minha casa? HAHAHA Iam levar computador Pentium 1 e TV de 20"!
Eu quero ser um BBB Pensando bem, eu queria ser um BBB. Queria saber quanto tempo eu resistiria ou resistiriam a mim. Minha sobrinha mais velha diz que iam fazer um paredão antes da primeira semana pra me limar. Sacanagem... Mas imagina esse meu “humor ácido” com aquela gente? E quantos posts eu poderia escrever sobre esta experiência praticamente extrasensorial!
O problema é que quando eu fosse pro paredão minha torcida ia ficar vazia. Dou meu cu na rifa como meu pai e minha mãe não se prestariam a um papel desses. Minha irmã jamais desceria do alto dos seus saltos altos pra se chachoalhar em cadeia nacional numa arquibancada. Também duvido que algum amigo meu se dispusesse a aparecer lá... Você imagina Roberta gritando “A-na-Pau-lá, A-na-Pau-lá” na frente do Pedro Bial vestida com uma camiseta com a minha cara estampada? E Fernanda? Nem pensar! Só ia ter o pessoal da claque mesmo... Micão.
Mas pior que estar no BB e pior que estar no BBB e não ter torcida é não entrar na disputa pelo prêmio, mas ter seu video de inscrição exibido em horario nobre, destacando-se as partes mais sórdidas.
EU QUERIA TER UM LANCA CHAMAS
EU QUERIA TER UMA FOGUEIRA
EU QUERIA TER SOMENTE UM FÓSFORO
EU QUERIA TER UMA VELA ACESA
PRA QUEIMAR SORAIA
PRA VER TORRAR SEU COURO
PRA DEIXAR SOMENTE O RESTO EXPOSTO AO SOL
E DEPOIS DA MEIA NOITE SORAIA VAI VOLTAR
ELA VEM TODA QUEIMADA SE VINGAR
SE VINGAR
EU QUERO VER SORAIA QUEIMAR
QUEIMAR
SORAIA QUEIMAR
POR Q SORAIA ME DEIXOU
EU QUERIA ACIDO SULFÚRICO
E UM LITRO DE ALCOOL TUBARÃO
EU QUERIA UMA TOCHA ILUMINADA
PRA DEIXAR SORAIA IGUAL CARVÃO
E DEPOIS DA MEIA NOITE SORAIA VAI VOLTAR
ELA VEM TODA QUEIMADA SE VINGAR
SE VINGAR
EU QUERO VER SORAIA QUEIMAR
QUEIMAR
SORAIA QUEIMAR
POR Q SORAIA ME DEIXOU
E depois dizem que as mulheres é que enlouquecem quando são deixadas...
Mas pensando bem, às vezes dá vontade de queimar quem foi palhaço com a gente. Queimar vivo.
Dia de Reis Hoje é dia de Reis! E aqui em casa tem "litria", rabanada e romã. Só faltam os palhaços da Folia e a rosca de Reis que esse ano ninguém fez.
Essa gente da minha família adora uma simpatia que tenha comida. No Reveillon, minha mãe fez lentilha, mas estava tão salgada que vai garantir, não só a fartura, como também a hipertensão pro ano todo.
Bicho de Sete Cabeças Por conta de uma pendenga com o SBT pelos direitos do filme Bufo & Spallanzani, a Globo passou ontem Bicho de Sete Cabeças. Se deu bem. Não sei analisar se o roteiro está bom, se a luz está perfeita, mas esse me filme me toca de uma forma tal que eu o a-do-ro! Pra começo de conversa gosto da diretora. Laís Bodanzky me encantou com seu curta Cartão Vermelho e me ganhou de vez com Bicho..., seu primeiro longa.
Rodrigo Santoro está fantástico. Aliás, todos os atores são fantásticos. Eu me amarro na interpretação dos internos, com seu tiques e manias. Tragicamente cômicos.
A música (se não me engano é do Arnaldo Antunes) não poderia traduzir melhor o sentimento que fica na gente depois daquelas imagens: “Não há coração que mereça/Não há quem se esqueça”.
O filme conta a história de um jovem que é mandado pela família pro manicômio porque usava maconha. Não parece coisa saída da cabeça de roteirista com muita erva na idéia? Mas não. A história – que pena! – é real e o jovem é Austregésilo Carrano Bueno, hoje, como não poderia deixar de ser, engajado na luta antimanicomial.
Por tudo isso, eu choro vendo esse filme. Eu quase sinto dor vendo esse filme. Ontem eu chorei de ir dormir cansada. Eu choro pelo cara que sofre, pelos loucos que são maltratados, por aquela mãe que definha junto com o filho, por aquele pai intolerante e ignorante que também sofre... As cenas finais, aquela carta, o pai em prantos... Do caralho.
Foi-se Lá se foi pro saco mais uma unha do meu pé... Já deve ser a terceira ou quarta vez eu fico sem uma das dez unhas dos pés. Eu tenho três calos em cada pé e bolhas esporádicas nos dedos, peito do pé ou calcanhar, dependendo do sapato, e minhas unhas são tão finas que não podem ser lixadas em cima.Elas são quase de papel de tão frágeis. Aliás, meus pés como um todo, o que têm de feios, têm de frágeis. E sempre foi assim.
Minha mãe é daquelas que não acredita no que criança diz, então, quando eu insistia em calçar chinelo, no lugar de sandália porque ela me machucava, minha mãe só sabia reclamar que eu era uma largada, que estava “arrumadinha, mas com chinelo no pé”. Pobre de mim... Eu sentia dores horríveis! Todas as sandálias me davam bolha, como me dão até hoje. Inclusive as de dedo. Lembro que uma vez minha mãe olhou os meus calcanhares e me deu mó esporro porque disse que eles estavam sujo. Engano dela, eles estavam, sim, com a pele mais escura, marcados de tanta bolha (Ai, como eu sofri quando era criança... Se o Conselho Tutelar batesse lá em casa, eu teria ido pra um orfanato!).
Confissão Natália (outra vez ela...) diz que quer ir a um ensaio de escola de samba. Eu digo que posso levá-la ao ensaio da Portela.
- Portela?!?! Em Madureira?!?!?! Nem pensar! Eu ODEIO Madureira.
Como assim, Bial? A bruta mora a 15 minutos de Madureira e estuda em Cascadura (“É o máximo onde vou!”). Foi chamada de suburbana esnobe, soberba e elitista. Até que minha mãe entra na conversa:
- Olha, eu também destesto Madureira..., confessou meu envergonhada.
- Bem, eu também não gosto, disse uma tia.
Enfim, todo mundo acabou confenssando não gostar de Madudeira. E depois Natália é que é suburbana esnobe, soberba e elitista.
Benção O Show da “Pirada”, como disse Larinha, apresentava Alcione cantando “Loba”. Natália, minha prima aborrecente, uma Mel Lisboa suburbana depois das próteses de 500 mls de silicone nos seios, comenta:
- Essa mulher se benze com o microfone!
É mesmo: repare só como a Marrom parece fazer o sinal da cruz com o microfone enquanto canta.
Guga II Meu pai e meu primo improvisavam um jogo com duas raquetes de frescobol e uma bola de tênis na grama do quintal. A brincadeira era mais “pegar a bola no chão” que qualquer outra coisa. Eu observava. Meu pai olhou pra mim e comentou:
Da série “Histórias de Larinha” I Larinha está com piolho. E está achando tudo muito divertido.
II Larinha também foi pra Ponta Negra e contava os minutos para poder ir brincar na praia dia 1 de tarde, apesar de detestar areia. Íamos para a praia eu, ela e sua mãe. Ainda na rua não asfaltada, ela começou a reclamar da “poeira” que entrava na sua sandália. Chegou a andar apoiando só os calcanhares para evitar que mais areia sujasse seu pé. Quando pela terceira vez no curto trajeto ela parou e pediu para mãe limpar sua sandália, ela disse:
- Quando eu crescer, eu vou tirar TODA a areia da praia.
Enquanto ela não cresce, reclama: “Tem muita areia nessa Ponta Negra. Eu gosto da praia de São Paulo”.
II
Nessa vida de poucas certezas, Larinha parece ter encontrado duas incontestáveis. Largada na cama, na madrugada do primeiro dia do ano, ela olhava o teto, enquanto sentenciava:
- Meu nome sempre será Lara. E eu vou ser sempre de sagitário.
Isso, Larinha, seja sempre Lara. Minha Lara, “metade homem, metade cavalo”.
Onde você guarda seu racismo? Dia 31 de dezembro, sexta-feira. Centro do Rio perto do prédio da Prefeitura, o popular “piranhão”. Aproximadamente 10h30 da manhã. Havia quase ninguém na rua. Eu caminhava para o local onde meu primo me pegaria para irmos para Ponta Negra, quando vi, vindo na direção oposta, um homem negro, alto e bem magro, de cabeça raspada, camiseta e bermudas muito largas para seu tipo físico. Nos pés, chinelos. Ele andava descontraídamente, passeando pela cidade, balançando os braços. Parecia que estava no calçadão da orla de tão à vontade.
Por um segundo, pensei: “Perdi”. Mas não deixei de caminhar na direção dele, nem ele, na minha. Quando passamos um pelo outro, olhei para o lado e pude ver escrito em letras grandes na sua camisa: “Não sou o que você pensa”.
Tenho a impressão que ele me dirigiu um sorriso irônico.
Reveião Quando eu crescer, eu vou poder escolher onde quero passar meu Reveillon. Enquanto isso, eu vou mesmo pra Ponta Negra, que pra onde toda minha família decide ir e eu tenho que ir atrás.
Peguei minha carteirinha da Funai porque pensei que seria mó programão de índio sair de casa na sexta de tarde e voltar na manhã de domingo. Engano meu: não pegamos um segundo de engarrafamento. Melhor assim. Comecei o ano bem.