Ainda Pessoa e Bethânia “Eu agi sempre, Eu agi sempre para dentro. Eu nunca toquei na vida. Nunca soube como se amava... Apenas soube como se sonhava amar. Se eu gostava de usar anéis de dama nos meus dedos, É que às vezes eu queria julgar que as minhas mãos eram de princesa. Gostava de ver a minha face refletida Porque podia sonhar que era a face de outra criatura.”
(Extraído do Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, e ainda emenda com Terezinha, do Chico (“O primeiro me chegou como quem vem do florista...”). De cortar os pulsos!)
“Quanto a mim... O amor passou. Eu só lhe peço que não faça como a gente vulgar, E não me volte a cara quando passe por si, Nem tenha de mim uma recordação Em que entre o rancor. Fiquemos, um perante o outro, Como dois conhecidos desde a infância, Que se amaram um pouco quando meninos, e, Embora na vida adulta Sigam outras afeições, Conservam num escaninho da alma, A memória do seu amor antigo e inútil.” (Do poema Cartas de Amor, de Fernando Pessoa, que é introdução para Grito de Alerta, do Gonzaguinha. “Primeiro você me azucrinaaaaaaaaa...” Ai, ai... )
Meu show Tenho saído do trabalho às 19h. Se por um lado isto é bom porque pego menos trânsito, por outro volto sem rádio porque é a hora da famigerada “Voz do Brasil” e eu já estou com abuso dos dois únicos CDs que levo no carro – um de música clássica brasileira que tem o lindo Trenzinho Caipira do Villa-Lobos e um que é cópia de uma seleção que fiz pra Daniella quando ela voltou de Belém. E você pensa que eu venho entediada??? Na-nani-na-não! Venho cantando e declamando poemas. Claro que meu repertório é cheio de música de dor de corno que eu a-do-ro! Hoje ataquei de Bethânia. Cantei o Imitação Vida quase todo (e agora o escuto enquanto escrevo), com direito aos poemas do Pessoa. Eu ando de janela aberta e quem me vê deve ficar bolado porque eu canto alto e sorrio ou choro, conforme a interpretação pedir. Pra eles, faço minhas as palavras de Fernando Pessoa:
“Eu tenho uma espécie de dever, de dever de sonhar de sonhar sempre, pois sendo mais do que uma espectadora de mim mesma, eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso. E assim me construo a ouro e sedas, Em salas supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho entre luzes brandas E músicas invisíveis.”
Pra tudo se acabar na quarta-feira... Se não fosse aquela vaca desfilar nua, eu seria a sensação do carnaval de 2008. Devia ter desfilado só com vaso na cabeça na Caprichosos e um nariz de palhaço no Império. Aí, não ir ter pra nenhuma modelo de Goiás. Eu ia reinar absoluta na Marquês de Sapucaí. Tem nada, não. Ano que vem, “tamo junto” com o Império Serrano de novo e agora no grupo especial porque eu posso não ser a Musa do Carnaval, mas sou pé-quente!
Ainda sobre o desfile O desfile da Caprichosos parecia uma procissão animada e o do Império, apesar de toda a alegria dos palhacinhos, não foi muito diferente. A gente que está desfilando praticamente só escuta a voz do puxador (e da galera que canta junto com ele), o cavaquinho e o surdo. E olha que a bateria do Mestre Átila (salve, salve!), do Império Serrano, é 40.3! Eu tenho que arrumar um jeito de ser madrinha de bateria pra escutar a batucada. Se Preta Gil pôde, eu também posso.
Fantasias Além de desfilar vestida de vaso de cerâmica e de palhaça, eu me fantasiei de Alvorecer da Borboleta Suburbana (um arco com asas de borboleta), Pavão Pobre (um arco com uma flor, arminho e uma mega-power-plus pluma (atenção para a cor!) COR DE ABÓBORA e Princesa do Reino da Abolição do Sul (uma coroa e um cetro). Coisa linda de Deus!
Vem ni mim que eu sou facinha Eu tenho que confessar: adoro as cantadas de carnaval. Não é a pegação, a ficação. Carnaval no Rio não é micareta, em que todo mundo beija todo mundo. Aliás, raramente fico com alguém. Gosto é do clima, das brincadeiras, das cantadas leves, com humor. Cara que chega pra mim no Carnaval dizendo “posso conversar com você?” toma logo um passa-fora. Que mané conversar, rapá! E eu lá quero conversar no Carnaval?
Adoro quando o cara chega abraçando gentilmente pelo ombro (pela cintura não!), vai me acompanhando por alguns metros no meio do bloco, canta um refrão olhando pra mim ou faz alguma gracinha sobre a minha fantasia. A-do-ro! Se no resto do ano eu distribuo toco a torto e a direito, no Carnaval eu entro no clima.
Este ano, na segunda, eu tinha acabado de colocar o pé na Lapa, estava terminando uma ligação pra Fernanda, quando um rapazinho, bêbado, claro!, me abraçou e disse que eu estava linda com aquela “pena na cabeça”. Uepa! Pena, não. Eu estava com uma PLUMA na cabeça! Pluma está em um nível acima de pena! Corrigi delicadamente o rapaz e continuei o papo até Fernanda chegar, quando nos despedimos educadamente e cada um foi pro seu lado. Na terça, foi um Zorro que se engraçou. Claro que eu dei confiança. Mas com nenhum dos dois rolou nada, nem era pra rolar. O negócio é só se divertir. Afinal, é carnaval. ; )
Metrô Se era pra deixar as esteiras e as escadas rolantes desligadas, o ar-condicionado a meio pau e fechar algumas estações, pra que o Metrô funcionou? Ah, foi pra lucrar mais cobrando o valor integral da passagem e oferecendo um serviço pela metade. Ah, tá.
Os Sem-“loção” Os Sem-“loção” ainda vão dominar o mundo! Eles estão em toda a parte e não consigo me acostumar com isso. Ainda fico passada com a falta de educação de algumas pessoas. Como foi o caso de uma família lá em Natal. Íamos a Genipabu em dois buggys: eu e Fernanda mais um casal de senhores em um e filha, genro e dois netos do tal casal de senhores em outro. O horário marcado era 7h50. Eu e Fernanda, católicas apostólicas romanas que somos, estávamos no hall do hotel às 7h45. O buggy não se atrasou, mas o pessoal do outro buggy sim, então, nos encontraríamos na estrada.
Chegamos ao ponto de encontro e o outro carro não estava. A senhora ficou indócil: “ASSIM NÃO VOU, FERNANDO! EU VOU VOLTAR PRO HOTEL. A GUIA FALOU QUE IAM OS DOIS BUGGYS JUNTOS, UM ATRÁS DO OUTRO. NÃO VOU DEIXAR A FULANA COM AS DUAS CRIANÇAS SOZINHA NO BUGGY!” Quando ela deu este ataque, ela não estava nem um minuto parada no tal ponto... Totalmente inconveniente de dar ataque antes das 8h da manhã em um dia de férias! Se alguém tinha que ficar irritada ali era eu ou Fernanda que estávamos nos atrasando por causa da Fulana e das crianças (Descobrimos depois que o marido da Fulana não ia porque estava com dor de dente. Duvido. Ele deve ter inventado uma dor qualquer pra tirar um dia de folga daquela família chata.).
O bugueiro tentou falar com o celular do motorista do outro buggy. A “senhoura” chiliquenta tentou falar com o celular da filha e da neta. Nada. Ninguém consegui saber onde o outro carro estava. Aí, como quem berra mais, ganha mais, o bugueiro deu meia volta no carro e foi ao hotel dos atrasildos. Nada. Eles já tinham saído.
Finalmente colocamos o pé na estrada e acabamos encontrando a família atrasada no aquário da cidade. Qual não foi nossa surpresa encontrá-los sentados lindamente, tomando água e refrigerante, descansando da estafante viagem de buggy até ali (coisa de meia hora, se tanto!). Claro que eles sequer nos dirigiram a palavra. Não nos deram nem um “bom dia”. E eu só queria um “bom dia” porque sei que um “desculpe aê a confusão” já era querer demais.
Mais chocadas ainda ficamos quando vimos as crianças: um menino de uns cinco anos e uma pré-adolescente! Que mãe retardada é essa que não consegue cuidar de dois filhos grandes sozinha??? Eu, hein...
Como eles fazem parte da imensa maioria dos sem-“loção”, eles queriam ver os peixinhos do aquário municipal! Éééééé! Eles nos atrasam, nos incomodam com gritos e estresses, idas e vindas e ainda querem conhecer fauna marinha de Natal! A gente só parou ali para encontrá-los. O Aquário não estava incluído no passeio, portanto, nada de peixinhos, garotada. Aí, eu e Fernanda subimos nas tamancas e fomos cada uma importunar um lado: eu, o bugueiro; ela, o casal que estava no nosso buggy. E você acredita que a senhoura chiliquenta ainda questionou se a visita ao Aquário não estava mesmo incluída no passeio? Sem “loção”!
O marido da chiliquenta era um doce. Ele soube aturar bravamente o destempero da mulher e fazer o meio de campo com a gente pra tentar contornar a situação. “Seu” Fernando concordou em ir conosco na frente, enquanto a filha e os netos visitavam o aquário.
O passeio seguiu tranqüilo e sem grandes emoções (a não ser a que o buggueiro empregou nas manobras), até que na volta do almoço, pude ouvir a mãe-que-não-sabe-cuidar-de-uma-pré-adolescente-e-um-menino-de-5-anos falar com o motorista dela: “Será que dá pra gente voltar lá? Ela perdeu uma coisa...” Era a pré-adolescente que tinha perdido algo na última parada. Eu disse pra Fernanda: “Se foi o cabaço, nem adianta voltar que já era.” E Fernanda: “Ih, isso deve ter perdido faz tempo!”. Ah, a maledicência! Como eu gosto disso! Bom, eu e Fernanda sentamos logo no buggy aguardando a partida e nem tomamos conhecimento do fato. Ainda bem que o bom senso prevaleceu e não voltamos.
Quando eles desembarcaram no hotel, nem um adeusinho. Só o “Seu” Fernando e o menininho, cabeçudo, mas muito simpático, nos dirigia a palavra. As vacas nem aí pra gente. E, se duvidar, ainda estavam com raiva da nossa postura católica apostólica romana.
*** Mais um caso de sem-“loção”. Este foi no banheiro do aeroporto de Brasília, onde fizemos conexão para volta ao Rio. Quando eu entrei, duas mulheres aguardavam sua vez de entrar nas casinhas. Logo a primeira entrou e em seguida duas casinhas ficaram livres. A mulher da frente se encaminhou para uma e... a mulher que estava atrás de mim empurrou o filho de uns 5 anos para entrar na casinha que seria “minha”. Caraleos de asas! Em lugar de dar educação, a sem-“loção” quer ensinar o filho a furar fila! Maaaaaaaas, como eu não poupo barraco e vou arder no mármore do inferno mesmo, segurei delicadamente no ombro do moleque, esperei que ele olhasse para mim e disse sorrindo “Dá licença?” e entrei no banheiro. Ainda bem que mãe deseducadora não reclamou os “direitos” da criança furar a fila porque eu ia engatar um bate-boca daqueles às 6 da manhã. Ah, se ia.
A moda em Natal Melhor que qualquer city tour, é visitar um shopping da cidade. Aí, sim você conhece a moda, o jeito, o gosto e a cara dos moradores. Nós fomos dar pinta no Midway Mall. Lá, vimos várias (exatamente OITO) jovens usando band-aid com estampa de desenhos animados na sobrancelha. A gente não entendeu nada e depois do Fantástico de domingo, pensei que tivesse a ver com a moda japonesa. Que nada! Os comentários no post que a Fernanda publicou antes de mim elucidaram o enigma: quando a garotada passa no vestibular, o trote é raspar parte da sobrancelha. Aí, a galera colocar um band-aid engraçadinho pra disfarçar e ainda dá pinta de fodão por ter passado no vestibular.
Ainda bem que no meu tempo o trote era só encher o cara de farinha, ovo e coisas nojentas. Não tem orgulho de ter passado no vestibular que me faça perder meia sobrancelha e andar com um band-aid infantil da testa!
Mulato do Gois Eles não são mulatos. São negros e estão com o corpo por demais besuntado de óleo pro meu gosto, parecendo que vão dourar no forno, mas merecem um minuto da sua atenção e o seu voto. Eu votei no Julinho, de Vila Isabel. Clique aqui para escolher o "seu" mulato.
Em tempo: pra quem não é chegado, tem também as mulatas. A produção do video e das fotos delas está muito melhor que a dos homens. Eu não votei, mas achei a Ana Paula (claro!), da Portela, a mais bonita. E tem menina de 16 e 17 anos concorrendo. E pode? Essas crianças não tinham que estar na cama uma hora dessas?