Eu faço minha defesa do consumidor
Acho que nasci no país errado. Na cidade, eu tenho certeza. Adoro esta Cidade Maravilhosa, esta São Sebastião do Rio flechado, coisa linda de Deus, encravada entre o mar e a montanha, mas detesto com todas as minhas forças a imagem do carioca gente boa, relaxadão e wannabe favelado com que vendem o Rio (já reparou como todo carioca adora tirar onda de favelado? Adora dizer que veio da favela ou que mora na favela ou que freqüenta a favela e que vai a baile funk c’as nem tudo. É só pra fingir que tamo junto e misturado nesta cidade partida.). E não gosto desta imagem principalmente porque ela se reflete na prestação de serviço e no atendimento no comércio. É tudo improvisado, tudo mal feito, tudo no jeitinho e mesmo quando não tem jeitinho o cara deixa como está porque ele não quer mesmo esquentar a cabeça e o cliente que se foda.
Em maio comprei um notebook na Dell que vinha com um adesivo da Copa. Uau! “Muito lindo” um adesivo verde e amarelo no meu notebook... Perguntei se não teria desconto sem o adesivo. Não. Mas pelo menos podia escolher de uma cor só? Sim. Nem lembro que cor escolhi porque ainda não recebi o produto. A vendedora explicou que ele chegaria depois do note mesmo, que não tinha um prazo de entrega, mas que um dia ele ia chegar. Ela colocou o adesivo em um pedido extra justamente para não atrasar a entrega do notebook, segundo me explicou.
Segunda passada resolvi entrar no site da Dell para ver em que pé estava o pedido e qual foi minha surpresa ao descobri-lo cancelado. Liguei para o atendimento e o pós-venda me disse que sim, o pedido estava cancelado e eles não conseguiam saber o motivo, que a vendedora entraria em contato comigo em 48h. Jacaré ligou? Nem ela. Liguei para a venda e chamei a vendedora que tinha me atendido. Ela disse que não sabia de nada e que eu devia ligar para o pós-venda. Quando expliquei que já tinha passado desta fase do jogo, ela disse “peraí” e me deixou na espera um tempinho. Voltou dizendo que tinha conseguido saber que na semana seguinte o adesivo seria embarcado porque ele era importado. E por que pedido tinha sido cancelado, se a cobrança tinha sido feita no meu cartão de crédito? Ela não sabia. Como também não sabia dizer quando eu receberia o bendito adesivo (certamente depois da Copa, se é que receberia já que o pedido estava cancelado.). Aí, eu disse que queria cancelar o pedido de verdade e o estorno do valor cobrado. Fui passada para outro atendente, claro. Segundo ele, tenho de 20 a 30 para receber o dinheiro pago de volta na fatura do cartão. A conferir.
Ontem me estressei novamente no comércio. Em maio (acho que este não foi um bom mês para compras...), encomendei um cordão na loja Rio Jóias, no Norte Shopping. A venda foi feita dia 31 de maio e paga no cartão à vista, mas o cordão só seria entregue em 20 de junho. “Nós ligamos, se ficar pronto antes.” E se não ficar pronto no prazo? Ah, o cliente que se foda! Pois, eu fui ao shopping hoje, sete dias após o prazo de entrega, e o cordão não estava lá. O mais irritante é a cara da vendedora e da gerente/dona da loja dizendo que não estava pronto e pronto, que o fornecedor não entregou, que tinham outras encomendas que também não ficaram prontas, ou seja, se eximindo da culpa. Eu não comprei do fornecedor, comprei da loja! Não me interessa se o fornecedor não entregou. Eu nem sei quem é fornecedor, então, não é o nome dele que eu vou colocar aqui na internet falando mal, fazendo propaganda negativa, é o da loja, da Rio Jóias do Norte Shopping! Mas a dona não se importa com isso. Que incrível! Não passou pela cabeça da senhoura que teria que pelo menos ligar para os idiotas dos clientes para avisar que o produto, embora pago integralmente, não estava pronto na data acordada. Quando eu disse que ela tinha que trocar de fornecedor, ela disse que só tem este que faz o serviço. Cara, não sabia que tinha encomendado uma coisa assim tão exclusiva. Quem escuta pensa que é uma jóia trabalhada em brilhantes com design exclusivo de algum ourives cego, manco e gago da Letônia.
A Rio Jóias não sabe quando o cordão vai chegar. Fico imaginando se fosse um par de alianças para um casamento. O casal de noivos teria que esperar a boa vontade do fornecedor em entregar o material para se casar?
***
Ah, e o cordão ainda saiu R$5,00 mais caro porque eu fui ao shopping o só para isto e paguei estacionamento à toa.
Histórias de Vagareza
Assim que o jogo terminou, minha irmã ligou para dizer que tinham feito churrasco na casa dela (ah, inveja... é um sentimento tão ruim, né?) e que Vagareza, bêbada*, segundo minha irmã maledicente, falava para Larinha:
– Toca a gorgonzela, Lara!!!!
Ela queria dizer a vuvuzela, claro.
* Pobre Vagarreza. Dizer que estava bêbada é intriga da oposição. Ela não bebe. Quando fica grogue, é de ansiolítico.
Breaking News!
Como seria de esperar, não fomos dispensados para assistir ao jogo do Brasil fora da repartição. Aos 45 do segundo tempo, um cara da segurança trajando seu indefctível e discreto macacão amarelo ouro com detalhes em vermelho veio correndo na direção da nossa porta. Aí, parou, percebeu que estava indo pro lugar errado e disparou para esquerda. Depois veio outro e outro. A recepcionista resolveu ir ver o que estava acontecendo para que a gente não morresse queimado, caso fosse um incêndio no andar.
Apuramos que era um calega do outro setor que tinha passado mal vendo o jogo. Tinha mais gente socorrendo o pobre que em emergência de hospital de seriado americano. Contei duas médicas e umas dez pessoas de suporte, entre maqueiros, técnicos das segurança que organizaram a retirada do paciente e o ascensorista que esperava com o elevador parado no andar, enquanto o homem recebia os primeiros socorros na sala mesmo.
Castigo pro RH que não liberou a putada pra ver o jogo fora. Agora vai ter que registrar mais um atendimento de saúde na repartição.
Tem jogo do Brasil, é?
A cada som de corneta, buzina ou vuvuzela, como queiram, eu tenho certeza que fiz bem em não assistir ao jogo em um bar. Antes minha TV meia boca, com imagem mais ou menos, que um bar lotado de malas munidos de instrumentos de tortura.
Mon petit chateau Roberta esteve aqui em casa e ficou surpresa com a decoração de mon petit chateau, cheia de detalhes, de coisinhas e que tais. Há! Ela ainda não viu nada! Chegará o dia em que eu comprarei as ilustrações que eu quero e vou pendurá-las na parede. Ainda conseguirei um marceneiro porreta que vai me fazer umas prateleiras lindas para eu colocar meus livros e minhas fotos. Também comprarei tapetes para aquecer o ambiente (e me dar alergia, claro, mas isso a gente esquece), almofadas leeendas e colocarei cortinas.
***
Ah, se eu tivesse um “cadinho assim” de habilidade manual, já tinha feito muita graça para animar ainda mais minha casinha.
***
Um dia eu tomo vergonha na cara e coloco na porta a plaquinha trouxe de Parri escrito “entrada dos artistas”. Mais "dona de circo" impossível. ; )
Histórias de Vagareza
Amanhã é aniversário de Vagareza e hoje fomos almoçar no Rei do Bacalhau, restaurante português perto da casa dela. Muito bacalhau e doces portugueses de sobremesa. Lá também tem aquela praga da “bandeja de sobremesa”: ao invés de te mostrar o cardápio, só com letrinhas, sem foto nenhuma das malditas sobremesas, o garçom vem com uma bandeja de sobremesas lindas , louras e japonesas para esfregar no seu nariz. O garçom hoje não só veio com a bandeja, como deixou-a em cima da nossa. “Pode se servir a vontade.” Eu, hein, tá doido!?!?! Doce português é só gema de ovo e açúcar, como vou me servir a vontade? Atualmente, só posso me servir a vontade de copo de água e olhe lá!
Bom, cada um pegou um doce e Vagareza, depois de se atracar com um pastel de nata, disse, muito displicentemente:
– Me dá a metade do quindim.
Eu e minha irmã com cara de ponto de interrogação. Como assim a velha obesa, diabética, hipertensa e com taxas de colesterol e triglicerídeos nas alturas ainda queria quindim?!?!?! “Meio”, ela consertou.
– Vamos dividir., ela insistiu.
– Mãe, a gente não quer!
Tão logo o garçom apareceu perto da nossa mesa, eu pedi para ele levar a bandeja. E ele, que nem viu a cena do “meio quindim”, disse sabiamente:
Dedicatórias e agradecimentos
Eu sou o tipo de pessoa que lê dedicatórias e agradecimentos de livros, CDs e DVDs. Acho bacana ver que os autores e artistas são gratos às pessoas que os ajudaram a chegar “lá”, a concluir aquela obra e gosto de saber a quem eles são gratos. Na maioria das vezes é uma longa relação de nomes desconhecidos, mas imagino como isso deve significar muito para quem é citado, principalmente para aquelas pessoas que raramente são lembradas, mas que sem elas o produto final, apesar de todo o talento, graça e luz do artista, não ficaria pronto.
O livro do HTP não tem dedicatória nem agradecimento, o que eu acho uma pena. Não que sejamos todas ingratas e não reconheçamos o valor de cada um que participou da construção da obra, mas acho que não teve porque seria quase um livro inteiro de agradecimentos, se nós três resolvêssemos elencar quem foi importante para a realização do livro.
Além disso, acho que ia acabar querendo agradecer não só a quem colaborou com o livro, mas também a quem contribuiu para que eu o escrevesse, o que é bem diferente. Quem contribui para que eu o escrevesse é muito mais gente e está comigo há mais tempo. Como numa propaganda de carro (não lembro qual o modelo, sou péssima nisso) em que um rapaz era empurrado pela mãe, pelo pai, pelos irmãos, família, namoradas, heróis da infância, professores, colegas de trabalho, de escola até seu carro novo e o slogan dizia “Carro sbrubles. Sua vida te trouxe até aqui”. Meu agradecimento teria que ser assim também.
Como não deu pra fazê-lo lá, faço-o aqui.
O livro do HTP é dedicado a meu pai, Lélio, Ursulão, o primeiro palhaço a reinar absoluto no meu picadeiro e que nunca será esquecido. É para ele também meu primeiro agradecimento pela genética boa do humor afiado e mordaz. Dedico o livro também à Yara, mãe d’água e minha, mais conhecida como Vagareza por estas paragens, que me ensinou desde cedo que os homens são palhaços e me passou o gene da escrita de meu avó poeta e jornalista. O livro do HTP também é para meus irmãos, Paulo e Luciana, pela infância e adolescência (e fase adulta, sejamos sinceros) cheias de provocações e deboches, parceria e carinho. Sobrinhos e sobrinhas que seguem firme na dinastia do bom humor, a vocês também é dedicado o livro do HTP. Tios, tias, primos e primas de ambos os lados, de todos os lados, os “de sangue” e os “de coração”, que sempre me rodearam de carinho, humor, música e poesia. Minha prima-irmã-mais-nova, Andréa, também tem sua parte neste livro e outra (bem grande) na minha vida. Minha outra irmã-menos-nova-de-coração, Daniella, amiga quase desde sempre e com certeza para sempre, é minha torcedora inflamada e incentivadora de primeira hora, merece muitas páginas do livro, tanto quanto como teve e tem importância na minha vida. Carolina, Adriana e Caroline, por me admirarem e eu admirá-las. Roberta e Nara, pela confiança, sintonia e parceria no blog durante anos e agora neste livro. (Roberta criou o blog, sonhou o livro e nos levou junto no sonho.) Vanessa, autora de posts ótimos no blog do HTP, nos brindou com a orelha do livro. Merece agradecimentos e a campanha “Volta, Vanessa!” para que a gente possa rir mais com seu texto. Meus sinceros agradecimentos a Joaquim Ferreira dos Santos, que fez nosso prefácio e escreveu coluna e nota dando força pra gente. Ao pessoal da Desiderata, por terem acreditado na gente e nos ajudado a colocar o circo na rua. Por fim, mas não menos importante, aos palhacinhos que passaram ou estão na minha vida. Sem vocês este livro não seria possível (e isto não é figura de linguagem).
***
(Ai, meu Deus! Espero não ter esquecido ninguém!)
Histórias de Larinha
Estou concorrendo ao Torpedão Campeão. Larinha pegou o celular da avó, que está em meu nome, e enviou TRÊ S torpedos para esta merda desta promoção. Custo da brincadeira? R$18,06. Não seria caro se junto com esta conta viesse também a cobrança de umas ligações do Brasil atendidas por engano enquanto eu estava na França no valor de R$90,43. Some-se a isto o valor do plano Oi Conta Total 2 e mais umas ligações a cobrar que Vagareza atendeu no seu celular e você terá o valor do prejuízo: quase R$400,00 de telefone+internet. Né brinquedo, não!
Mas voltemos à Larinha e sua traquinagem. Liguei pra ela:
– Lara, você enviou torpedo para promoção do Faustão?
– Não lembro.
Segundo meu calega de trabalho, é assim mesmo: eles nunca lembram. O neto dele também esquece todas as merdas que faz.
– É que tem três torpedos para esta promoção enviados do celular da Vó. Como ela não sabe passar torpedo, eu achei que fosse você que tivesse passado.
– Não lembro.
Realmente deve haver alguma amnésia pós-travessura, algo como amnésia alcoólica, que os pediatras ainda hão de estudar.
Ignorei que ela não se lembrava e mandei meu recado. Disse que ela não podia usar o celular da avó sem pedir, que não devia acreditar nestas promoções da televisão porque elas sempre são furada, são caras e tal e, por fim, que não devia fazer conta/compra nenhuma se não tivesse dinheiro e sem perguntar a quem ia pagar.
– Você tem o dinheiro pra pagar os torpedos?
– Eu tenho dinheiro no meu porco, mas ele não está cheio. Não sei se tem R$18,00.
Aaaaaiiiii, deu uma peninha daquela vozinha rouca de gripe tentando resolver a merda que fez... Acho também que não entendeu ou não quis entender nada do meu discurso educativo.
E claro que eu não vou fazer a menina abrir o porco. Não sou tão mão de vaca assim.
HTP na mídia
Roberta deu entrevista na CBN e no Mais Você e o HTP ainda apareceu na coluna da Tolipan, no JB, e um microconto meu entrou em uma matéria na Criativa desde mês. Tá bombando!
Notícias do lançamento
Foi ótimo! A livraria lotou, vendemos uns 100 livros das 17h às 20h30, quando fomos para a Academia da Cachaça. Muita gente querida esteve lá e também muitos leitores se apresentaram. Quem não foi, perdeu. : P
Castigo
Eu matei a cadimia e aí minha chefe me ligou, me achou em casa e me “convidou” para uma reunião em BSB amanhã à tarde. Só pode ser Nossa Senhora da Gordura Localizada me punindo por mais uma vez faltar à minha sessãozinha de tortura semanal.
O pior é que faltei a cadimia por um bom motivo: para lavar roupa, já que meu cesto estava tão, digamos, satisfeito que tinha roupa jogada pelo lado de fora.