Bonequinha de prástico Já reparou como agora as mulheres andam maquiadas? E muito maquiadas! A qualquer hora do dia e em qualquer ocasião. E mesmo quando não estão com base, corretivo e tal, elas tascam duas bolotas de blush nas maçãs do rosto e ficam parecendo umas bonecas de prástico. Uma coisa esquisita. Eu sempre me assusto quando vejo uma assim.
Ainda moda Outra coisa zuper féxion que não me agrada é este lenço palestino. E já está na moda mais tempo do que devia. Camelô já está vendendo isso e neguinho ainda se acha muito cool com um adereço desses. Gente, já deu. Pára de usar essa bodega.
O prato do gordo (ou Minha inveja do prato do gordo) Foi no dia em que eu tinha ido à nutricionista e confirmado que em um mês de dieta eu perdi 30 dias, ou seja, nem um grama a menos. Eu ia afogar minhas mágoas num Big Bob, numa Coca Light de 500ml e numa batata “média” que na verdade é grande, quando uma calega de trabalho me disse: “Ana Paula, venha para a luz” e me convidou para ir almoçar com ela em um restaurante “aquilo”.
Aí, eu sentei com meu prato de salada, arroz e peixe porque eu sou brasileira e não desisto nunca (nem de tentar fazer dieta!) e um gordo sentou na minha frente. Quando ele veio na minha direção com o prato na mão, de longe, eu já fiquei hipnotizada. Eu só via duas lingüiças eloooooooormes no prato! Quando ele se sentou, pude ver que as lingüiças eram as “cerejas do bolo” e que o “bolo” era feito de uma massa ao molho branco, arroz à piamontese e batata frita. Tudo muito gordureba, portanto, gostoso. As lingüiças davam uma “cor” ao prato, porque você sabe que é bom comer “colorido”, só branco não dá.
Eu não queria olhar, mas foi inevitável. Tomara que ele não tenha percebido.
O restaurante era daqueles em que você mal acabou de baixar os talheres e os filhas da puta dos garçons vêm com uma mega bandeja de sobremesas de verdade sensacionais – essas bandejas são o reality show das sobremesas. O gordo pediu uma torta alemã com calda de chocolate! Quanto desprendimento!
Confesso que senti inveja. Muita. Ele deve ter passado mal naquele dia tamanho era meu olho no seu prato e na sua sobremesa.
OBS: Outro dia um calega de trabalho disse que eu pareço ter emagrecido. Disse ele que meu rosto está mais fino. É que eu começo a emagrecer pela testa. Vou secando de cima pra baixo. Até chegar no quadril, lá se vai um ano de dieta.
(Muitas) Histórias de Larinha A empregada que estava trabalhando na casa da minha irmã desde antes da Lara nascer foi embora para sua cidade natal, em Minas Gerais. Receosa do que o distanciamento e mudança de rotina pudesse causar em Larinha, minha irmã chamou-a para conversar.
– Lara, você sabe que a Diva vai embora, né? – Sei, mãe. E nós vamos passar por isso sem maiores contratempos.
Ah, tá.
*** Larinha queixou-se de fortes dores no abdômen. Assustou todo mundo porque ela é muito resistente à dor. Resistente até demais. Minha irmã correu com ela para a clínica de urgência de sempre, mas estava lotada. Dezesseis crianças estavam na frente da Lara para serem atendidas.
Minha irmã foi para outra clínica e comentou sua preocupação por não conhecer os médicos, não ter referência do lugar e tal.
– Ai, Lara, será que aqui é bom? – É muito fácil de você saber. – E pegando na gola da camisa da mãe, disse – você pega o médico assim e pergunta: “VOCÊ É FORMADO MESMO?”.
**** Lara agora anda meio hipocondríaca. Por duas vezes se engasgou e entrou pânico, forçando o vômito, achando que ia sufocar. Diz que teve medo da coisa engasgada ir parar no seu pulmão. O que esta garota anda lendo pra achar que vai broncoaspirar* uma bala ou um pedaço de batata frita que lhe cai mal?
*Não sei como se escreve isso, mas ouvi a expressão dita por médicos e enfermeiras.
*** Numa sexta-feira, terminou a novela “das oito” e Lara anunciou:
– Vou assistir o Globo Repórter.
Não sabia se naquela semana o GR seria sobre gordo ou a savana africana e fiquei curiosa pra saber porque tanto interesse no programa.
– É sobre tutu – e, sorridente, fez o gesto de dinheiro com os dedos.
*** Outro dia eu cheguei em casa e tinha um bilhete pregado na porta da geladeira:
“Madrinha e vó, preciso juntar R$ 5,00 reais por dia para comprar a pista da Polly.”
Soube que ela sentou com a empregada da minha casa e fez os cálculos de quanto precisaria juntar em um mês pra comprar a tal pista. Claro que não junto. Ninguém ia lhe dar R$5,00 por dia, coitada, mas valeu a tentativa.
*** Dia desses, Larinha chegou do curso de inglês cabisbaixa. Minha mãe perguntou o que era. Ela contou que no recreio só tomou refrigerante porque o colega lhe deu um pouco, já que ela só tinha R$1,00 e tem que colocar R$2,00 na máquina pra ela cuspir a lata da bebida.
– Ninguém tinha mais um Real pra me dar... Eu até pedi para um moço que estava do lado da máquina, mas ele também não tinha...
Ai, tadinha da minha sobrinha, tendo que pedir R$1,00 para satisfazer seu vício de refrigerante... É assim que começa. Por isso, estamos na “Campanha dos R$2,00”: cada semana um dá R$2,00 pra ela levar pro curso de inglês, embora minha irmã ache que não tem que dar sempre e que foi bom ficar sem o dinheiro porque ela aprendeu a se virar. Como eu não sou mãe e nem tenho obrigadação de educá-la, posso dar toda semana se quiser. Hehe
*** Em outro episódio do refrigerante no curso de inglês, ela contou que quem lhe pagou a bebida foi um colega. Aí, minha mãe falou:
– Então, você vai devolver o dinheiro a ele na semana que vem. – Não, vó, não precisa. Ele tinha muito.
Marilyn Monroe, quem diria, acabou na Abolição Estavam falando de mim no trabalho (espero que falando bem) e uma colega recém-chegada na empresa não tinha ligado o meu nome a minha pessoa. Aí, outra colega esclareceu:
– Ana Paula, aquela que parece a Marilyn Monroe, só que morena.
Nem preciso dizer que isso virou piada, né? Fui sacaneada até não poder mais! Não sei porque cargas d’água a louca acha que eu pareço a Marilyn. Ela diz que é por causa do corte do cabelo. Menos mal. Tomei como um elogio.