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Carta Há muito tempo, sim, que não te escrevo Ficaram velhas todas as notícias. Eu mesmo envelheci: olha, em relevo, estes sinais em mim, não das carícias
(tão leves) que fazias no meu rosto: são golpes, são espinhos, são lembranças da vida a teu menino, que ao sol posto perde a sabedoria das crianças.
A falta que me fazes não é tanto à hora de dormir, quando dizias “Deus te abençoe”, e a noite se abria em sonho.
É quando, ao despertar, revejo a um canto a noite acumulada de meus dias, e sinto que estou vivo, e que não sonho.
Carlos Drumond de Andrade
Colorido por
Ana Paula às 9:54 PM -
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